Estava para comentar este anúncio, agora centro de polémica, mas não tinha tido tempo. Hoje quando procurava pelo video na net, descobri demasiadas referências 😉

Não exactamente pela agressão ao direito de manifestar que eu lhe ia “pegar”, mas sim pela mensagem subliminar de elogio ao individualismo, comodismo e ostracismo quotidiano dentro das latas fumacentas.

É muito grave sublinhar a ideia de que o dogma inescapável do quotidiano é ir com pressa para o trabalho sozinho dentro dum carro, tentando fugir do imputável trânsito dialogando com o autorádio. A imputabilidade atribuída aos malévolos manifestantes (sobre sabe-se lá o quê, que isso também não interessa) é assim uma escapatória para a decisão concreta e consciente de quem se sentou ao volante e “só quer chegar a horas”.

Merece também alguma atenção o amigo Rui desatar logo a culpar “outro acidente”. Para já pela familiaridade com a tragédia (e ainda hoje parece que já viu pelo menos um), mas sobretudo pela terminologia. Não se devia falar em “acidentes” pois isto só desculpabiliza os embates da lata com lata (e muitas vezes com carne à mistura) e atira para o poço sem fundo qualquer possibilidade de prevenir novas desgraças.

Mas amigo Rui: de que vale chegar a horas, se já está transtornado hoje (e dia sim, dia sim) com a sua existência ao ponto de falar com o rádio e pensar que ouve resposta? Desaperte mais a sua gravata, mude de estação de rádio (para algo que ofereça mais do que avisos de navegação, para isso já deve ter o gps), estacione a sua jaula e vá a pé… apanhe algum ar primeiro para refrescar os seus pensamentos e depois procure por uma solução de transporte público se ainda estiver longe do seu trabalho. E dê-se por feliz, que ainda tem emprego 😉

 

Este anúncio já deve ser antigo, mas parece mesmo que foi filmado em 1984! Só agora ter chegado à “baila” é bom sinal: que se vê menos televisão, especialmente anúncios. 😉

Todos os canais falaram hoje disto: RTP (2), , SIC , TVI . Mas foi pelo jornais e blogs que vi que o assunto não me revoltava só a mim: Público (2,3,4,5) e outros...

 

 

Para acabar a reflexão ao assunto noutra óptica: a voz dentro da cabeça do amigo Rui, parece-se muito com a duma jornalista do canal público de rádio. Que assina a biografia do menino de ouro do PS… sim aquele que também diz que um “contra mim?” quando fala de campanhas negras. O amigo Rui não está sozinho! Há por aí muito malandro que lhe quer mal, mas há outros paladinos do asfalto que de certeza lhe darão protecção!

Ainda politicamente: para que é preciso um ministro com a tutela da comunicação social que diz nada poder fazer em casos destes? A ser verdade, é uma função redundante e há que cortar custos!